O assunto é recorrente, mas a comparação é inevitável. A movimentação de negócios em Bento Gonçalves salta aos olhos. Enquanto isso, Caxias do Sul fica na míngua. Pelo menos 1,4 milhão de visitantes devem passar por Bento durante o ano de 2018. Destas, quase 300 mil atraídas por feiras, congressos e seminários já confirmados que vão acontecer na Fundação Parque de Eventos e Desenvolvimento (Fundaparque). Uma delas começa hoje e vai movimentar R$ 100 milhões. Nos pavilhões da Festa da Uva, a única feira relevante é a Mercopar, em setembro. Bento deve fechar o ano com 33 eventos na Fundação – 27 já foram confirmados.
— A movimentação econômica que as feiras geram vai além das transações nos estandes, pois turistas e expositores utilizam hotéis, restaurantes, turismo, aluguel de automóveis e comércio —aponta o presidente da Fundação, Silvio Sandrin.
A Fundaparque, destaca o dirigente, é uma das indutoras do turismo de negócios na região, uma vez que sedia eventos frequentados por pessoas do Brasil e do Exterior, que unem compra e venda de produtos, além de serviços ao entretenimento. Entre os eventos programados para 2018 estão Festival da Cerveja Gaúcha, ExpoBento, Transposul, Wine South America e Avaliação Nacional de Vinhos.
— O Parque de Eventos recebe manutenção permanente e ações peventivas. Além desse trabalho contínuo, foram realizadas melhorias de iluminação, bem como a adequação do PPCI (Plano de Prevenção contra Incêndios). Entre 2017 e 2018, já foram aportados R$ 430 mil — destaca Gilberto Durante, vice-presidente da Fundaparque
É um contraste com a Festa da Uva. É comum ouvir de organizadores de eventos que em Caxias não há uma espaço adequado para receber feiras e que a saída seria a construção de um Centro de Eventos. Mas o assunto não está entre as prioridades da administração municipal.
Com 322 mil metros quadrados de área, o parque de Bento é um dos maiores espaços cobertos e climatizados para eventos da América Latina (58 mil m²). A estrutura reúne torre de telefonia, internet, wireless, heliponto, reservatórios de água próprios e estacionamento para 2,5 mil automóveis.
Em Caxias, uma das principais reclamações dos expositores na Festa da Uva é o calor, pois a estrutura de 55 mil metros quadrados (para locação) só tem climatização no Pavilhão 2. A internet fica por conta de cada organizador.
Participei do II Ciclo de Encontros com Produtores Rurais na linha Paulina, interior de Bento Gonçalves.
O encontro debateu várias necessidades dos agricultores, que expuseram os problemas diários e os desafios encontrados em suas propriedades, tanto no que diz respeito as leis, bem como as condições que enfrentam em relação a atividade da agricultura.
Na oportunidade relatei a importância do trabalho do agricultor como base no turismo rural, já que é a partir do esforço deles que a cada dia Bento Gonçalves atrai mais turistas em busca de vivências relacionadas ao tema.
Estimativa tem como base os meses de janeiro e fevereiro, quando arrecadou-se cerca de R$ 486 mil com o turismo
Os cachos de uva fartos combinam com os sorrisos dos visitantes. A magia das uvas, associada ao ambiente acolhedor, aos requintes da cultura italiana e ao encantamento das descobertas dos processos de como são cultivadas, colhidas e fermentadas em vinhos são elementos que atraem milhares de turistas a Bento Gonçalves durante o ano. Segundo estimativas da prefeitura, no período da Vindima, colheita da iguaria, que foi de 18 de janeiro a 18 de março, mais de 230 mil pessoas estiveram na cidade. A procura movimentou principalmente os setores de hospedagem e transporte rendendo aos cofres públicos cerca de R$ 486 mil.
1,5 milhões de visitantes
O secretário de Turismo do município, Rodrigo Ferri Parisotto, havia projetado no início no ano, 285 mil turistas em Bento no período. Embora ainda as estimativas não estejam concluídas, Parisotto demonstra-se otimista. “As rotas demonstraram aumento no fluxo em comparação ao ano de 2017. Há uma tendência nos números que mostram ser possível se concretizar a projeção para o período da Vindima”, ressalta.
De janeiro a fevereiro, Bento Gonçalves recebeu 231.229 pessoas, enquanto no ano passado foram 208.614. Conforme Parisotto, no mês de março de 2017, o município recebeu 76.957 visitantes e para março de 2018, a perspectiva é de aproximadamente 80.800, um acréscimo de quase 5%. Ele ainda complementa que é possível afirmar que houve crescimento no setor, destacando o acréscimo de 42% na arrecadação de ISS, advinda da atividade turística no mês de janeiro.
A alta procura nos dois primeiros meses do ano geraram retornos financeiros de R$219 mil e R$ 266 mil, respectivamente. Porém, de acordo com o secretário de Turismo, é possível afirmar que a arrecadação foi ainda maior. “Tendo em vista que não são considerados os valores arrecadados por meio do comércio e indústria”, afirma.
Na avaliação de Parisotto, a Vindima foi positiva. “Tivemos um aumento no fluxo de visitantes. Além disso, momentos importantes para a época, como a abertura dos eventos “Estação Vindima” e o “Sabores da Vindima”, que marcaram o encerramento, contaram com um bom público”, observa. Ele ainda cita o lançamento do novo portal turístico como um aspecto para potencializar o setor.
Sobre as projeções para o turismo em Bento, Parisotto reforça que foi desenvolvida uma programação especial e aprimoradas ferramentas de comunicação, como site e redes sociais. “Esperamos, assim, atingir a marca de mais de um milhão e quinhentos mil visitantes em Bento Gonçalves no ano de 2018”, ressalta.
A perspectiva da Secretaria de Turismo é receber cerca de 1,5 milhões de turistas em 2018. Foto: reprodução.
Expectativas
O turismo na Vindima 2018 começou antes do esperado e excedeu as expectativas do setor. De acordo com a turismóloga da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), Naiára Martini, a procura, por parte de visitantes, iniciou ainda no ano passado. “A partir da segunda quinzena de dezembro, sentimos um aumento considerável no movimento, o que foi atípico ,se comparado a anos anteriores, porém muito bem vindo. Neste período, normalmente recebemos o visitante que já conhece o Vale, e tem nossa região como opção para as festas de final de ano, para aproveitar o início da colheita e usufruir da infraestrutura dos nossos meios de hospedagem”, ressalta.
Sobre a fidelização de um perfil dos turistas, Naiára explica que Bento tem cativado um “novo turista”. “Neste período de colheita, recebemos o novo visitante, aquele interessado em conhecer o início do processo do vinho, o que vem para interagir, colher a uva e conhecer a nossa cultura na prática”, observa.
Quanto à procura no setor na Vindima, a especialista reforça que a época ainda perde em movimento comparado a temporada de inverno, mas a cada ano o número aumenta, acompanhando o crescimento médio anual. Naiára credita este crescimento à programação, que foi pensada para transmitir a cultura e o legado da imigração italiana.
Embora os bons índices, a turismóloga alerta para melhorias, que passam pela infraestrutura urbana. “A Aprovale conseguiu o melhoramento da RS 444, mas a Via Trento e outras estradas vicinais continuam precárias. Conseguimos implementar, com patrocínio privado, uma nova sinalização interna para visitantes, mas as sinalizações das estradas que levam até o Vale não atendem nossas necessidades atualmente. A Ciclovia Vale dos Vinhedos e a Zona Franca englobam diversos fatores, que objetivam o desenvolvimento regional em termos econômicos e sociais”, critica Naiára.
Crescimento
Além da Aprovale outra associação que registrou crescimento na procura foi a Caminhos de Pedra. De acordo com dados da entidade, em janeiro, 8.789 e em fevereiro 8.361 visitantes procuraram a entidade. O estudo referente ao mês de março, ainda não foi concluído.
Conforme o documento, as famílias são quem mais tem procurado o roteiro e esta demanda tem crescido mensalmente. Se comparado à 2017, no mês de janeiro, a instituição registra um crescimento de 11% e em fevereiro, de 15%”.
A empresa Giordani Turismo que atende a este público na cidade, informa que no período da Vndima mais de 38 mil pessoas foram atendidas. Segundo relatório da agência, em um comparativo 2017 /2018 houve crescimento de 143%, com expectativa de crescer ainda mais em 2019.
Hoje Bento Gonçalves possui o Observatório Social, que eu poderia chamar de “consultoria pública gratuita”, que visa acompanhar todas as ações do poder público, seja em licitações, seja na contratação de pessoas, seja em qualquer ação que é realizada.
Valorizamos muito o trabalho do Observatório, já que contribui para termos uma administração pública ainda melhor, muito mais justa, e acima de tudo, que possa garantir um futuro melhor para toda a comunidade local.
Fui recebido pela executiva Gisele Guerra que além de apresentar o funcionamento atual do Observatório Social de Bento Gonçalves, esclareceu dúvidas sobre o bom andamento dos trabalhos do poder público.
Uma das motivações na vida pública, é a oportunidade de validar o quanto transparente são as ações que realizamos.